Como já foi noticiado pela Agência Estadual de Notícias, foi divulgada a base demográfica das populações quilombolas do Paraná. No total 7.113 cidadãos paranaenses se declararam quilombolas. Entretanto dois dados chamam atenção; apenas 648 dessas pessoas moram em áreas reconhecidas como quilombos ou com este potencial; há ainda 156 habitantes destas áreas que não se declararam quilombolas.

Clemilda Rodrigues, diretora de Igualdade Racial e Povos e Comunidades Tradicionais do Estado, falou sobre os quilombos: "A representação máxima da resistência do povo negro que foi escravizado no território brasileiro, são a representação do protagonismo negro na luta pela liberdade e têm um papel fundamental na construção histórica, social e cultural do Estado do Paraná e do Brasil, bem como na preservação ambiental e cultural".  Fruto da reorganização social própria dos escravos fugidos ou libertos foi a forma que encontraram para se ressituar na história do Brasil. Ali engendraram saberes e formas próprias de lidar socialmente com a economia, religião, saúde e demais aspectos da vida. Ser quilombola é carregar esta herança, e os dados do IBGE demonstram que isso extrapola a territorialidade.

                Nesses últimos anos a SUDIS, no dia a dia da sua missão, já havia se deparado com populações quilombolas para além dos territórios tradicionais, o que agora é confirmado. Ser quilombola é ser resistência ao esquecimento da história, é encontrar seu caminho mesmo nas piores adversidades. No entanto, 19,4% dos residentes em territórios quilombolas não se declararam como tal. Isso pode ser um erro metodológico, falta de compreensão ou recusa do que significa ser quilombola. Estaremos lado a lado na garantia de direitos e na articulação de políticas públicas de valorização.