Na última sexta-feira (15), o assessor Elio Andrade e a Secretária-Executiva da Comissão Estadual de Mediação de Conflitos Fundiários do Paraná – CMCF, Roberta Zambenedetti, representaram a Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social – SUDIS no evento para comemorar a permanência das famílias da Comunidade Maria Rosa do Contestado na área rural que ocupam há 08 (oito) anos, localizada no município de Castro/PR. Êxito atingido em um acordo celebrado no âmbito da Justiça Federal envolvendo – além dos ocupantes e proprietários – a União e diversos outros agentes interessados, os quais mantém tratativas e parcerias interinstitucionais para solução de conflitos. O compromisso firmado entre as partes permitirá a implementação de um projeto de Reforma Agrária popular na área, transformando a comunidade camponesa no Assentamento Maria Rosa do Contestado, a qual abandona definitivamente a denominação “Acampamento”. O evento foi organizado pela comunidade e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST, começando com um ato de abertura, seguido de um almoço coletivo com churrasco gratuito, além da venda dos produtos do Coletivo das Mulheres e um baile com música ao vivo. 

A solenidade inicial da celebração começou por volta das dez da manhã - durando entre duas horas e meia e três horas – com diversas atrações e trazendo muita informação. Inicialmente, ressaltou-se a razão por trás da escolha do nome da comunidade – homenagem à Maria Rosa, figura de destaque na história da Guerra do Contestado e que tem grande significado na luta pela terra – e em seguida a Dona Maria – moradora da área desde o primeiro dia de ocupação – descreveu a primeira quinzena de ocupação, os percalços, as dificuldades e a realidade desse período, recordando as circunstâncias difíceis – como na primeira semana, em que ficaram sem comida por problemas com o caminhão responsável pelo transporte dos alimentos, e na seguinte quando foram atingidos por um forte temporal que destruiu muitas das construções, à época feitas majoritariamente de lona e madeira fina, resultando em diversas famílias desabrigadas e sujeitas à intempérie. Na sequência, foram tocadas músicas com letras sobre a luta pela terra, pedidos de reforma agrária justa e justiça social, e foram realizadas apresentações, uma delas com as crianças – carinhosamente chamadas de “sem-terrinhas” – cantando uma música simultaneamente interpretada em libras por uma moradora da comunidade. 

Após as performances, algumas pessoas foram convidadas para irem sentar-se no palco, ficando à frente da celebração. Entre elas, estavam representantes da comunidade Maria Rosa do Contestado; da Prefeitura de Castro; da Igreja Católica; do Instituto Terra de Direitos; do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; da Itaipú Binacional; da Secretaria de Patrimônio da União – SPU; da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento – SEAB; das Universidades Federal do Paraná - UFPR e Estadual de Ponta Grossa – UEPG; e representantes e autoridades das três esferas da Federação. 

Ato contínuo, começando pelas palavras e pela benção do Reverendíssimo Bispo da Arquidiocese de Ponta Grossa, Sergio Arthur Braschi, todos e todas sentados no palco tiveram a oportunidade de falar ao público presente. De forma uníssona, expressaram sentimentos de felicidade pela implementação do projeto de assentamento na comunidade, como também declararam apreço pela oportunidade de presenciar a reforma agrária no território. Ademais, externaram orgulho pelo zelo ambiental dos produtores ao utilizar métodos orgânicos e agroecológicos, afirmando inclusive que essa comunidade deve ser utilizada de modelo e reproduzida por todo Brasil. Anunciaram ainda, sentirem-se honrados em poder participar da história deste projeto, sua trajetória e dos estudos nele envolvidos. Igualmente, todos e todas reiteraram a importância da parceria interinstitucional entre os órgãos ali representados e que estão à disposição, tanto da comunidade, quanto dos outros entes, para auxiliar naquilo que for possível.

Perto do fim da cerimônia, cestas com produtos da comunidade recém assentada foram entregues às autoridades e representantes em destaque pelas mãos das próprias famílias produtoras dos itens nelas contidas. Após solicitarem que somente as famílias beneficiadas pela reforma territorial permanecessem na região do palco, a direção estadual do MST deu início a um breve discurso direcionado aos celebrados, parabenizando-os pela vitória e por terem conquistado o sonho da terra. Concluindo o ato, cada uma das famílias do Assentamento Maria Rosa do Contestado recebeu da direção do Movimento um presente, destinado a marcar aquele momento de celebração e lembrá-los de sua conquista. Finalizadas as formalidades, todos e todas que compareceram ao evento foram convidados a irem até a entrada do assentamento. 

Ao som de músicas tocadas nos violões, cantadas e ecoadas pela maioria, todos caminharam em procissão até o local indicado, encontrando a placa e sua estrutura totalmente embrulhadas. O Reverendíssimo Bispo Sergio Braschi e o Superintendente Regional do INCRA no Paraná, Sr. Nilton Bezerra Guedes, foram escolhidos para puxarem o embrulho que cobria a estrutura, revelando a todos a placa de identificação oficial do Assentamento, que lê: “Comunidade de Resistência Agroecológica Maria Rosa do Contestado, Castro – PR, 15/12/2023”.